Um dos motivos do PL do Ato Médico revoltar as classes profissionais da saúde é o fato de engessar suas atuações e ter uma visão corporativista. Impede o adequado desenvolvimento das profissões e pesquisa. Dentre outros pontos, o Ato Médico institui que apenas o profissional médico pode fazer diagnósticos e indicar a terapêutica necessário, isso colocaria os psicólogos abaixo de suas qualificações, imaginem que um cliente que reuna todas as suas forças para ir até a clínica, enfrente seus monstros interiores e consiga despejar sobre o terapeuta todo seu sofrimento, precisa de coragem, as vezes passou por crises extremas e no fim de suas forças conseguiu se abrir, as vezes só consegue isso uma vez. Esse mesmo cliente cria um vínculo com o terapeuta, passa a confiar-lhe o seu sofrimento; pois bem, essa pessoa terá que procurar antes um médico, com seus conhecimentos científicos e nem sempre humanos, abrir-lhe-á toda essa situação, ouvirá tantas vezes explicações biológicas e simplistas, será medicado e a partir daí alvo das vontades desse profissional, que poderá ou não encaminhá-lo a um terapeuta, ou a outro profissional capacitado, justo esse cliente que não tem mais forças para pedir socorro, justo esse cliente que confiaria apenas uma vez em um profissional, precisará reunir forças sabe-se lá de onde para começar uma maratona, uma verdadeira via crucis por sua terapêutica e corre o risco de não conseguir ser encaminhado. Agora pensaremos juntos acerca do Ato Médico, que passa por cima dos aspectos humanos, dos princípios éticos de outras profissões e busca apenas hegemonizar o atendimento e mercantilizar a área da saúde, talvez seja por perder cada vez mais espaço, talvez seja por tentar manter o suposto saber, talvez seja para se auto-afirmarem, talvez...
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